A Escolha das Perguntas num Questionário
Podemos afirmar que um questionário para ser um instrumento de informação rigoroso necessita de todo um trabalho prévio que pressupõe um conjunto de procedimentos metodológicos e técnicos prévios. Esses procedimentos vão desde a formulação do problema até à aplicação, numa amostra reduzida similar à amostra-estudo, no que se refere à distribuição das características, ao pré-teste que, ao constituir-se como um estudo piloto, permite facultar os necessários dados empíricos que correctamente analisados e avaliados contribuem para o melhoramento do questionário final (na tese analisada observamos esse esforço de análise e avaliação dos resultados do pré-teste).
Na preparação do questionário, a escolha das perguntas é uma etapa essencial, tendo em conta que as respostas que o leque de perguntas colocadas vai proporcionar são uma consequência da qualidade da sua formulação.
Existem diferentes modalidades de perguntas e que alguns autores referem como abertas, fechadas ou de escolha múltipla. Eis algumas das suas características:
Perguntas Abertas: Toda e qualquer pergunta que permite plena liberdade de resposta ao inquirido. Este tipo de perguntas deve ser alvo de utilização criteriosa. A sua utilidade, segundo Pardal e Correia (1998, p. 54), é maior sobretudo em duas situações: quando se tem pouca ou nenhuma informação sobre o tema em estudo ou quando se pretende estudar um assunto em profundidade. Umas das características deste tipo de questão é que a tabulação das perguntas abertas reveste-se de extrema complexidade, seja pela variedade de informação que podem apresentar, seja porque o seu tratamento ocupa bastante tempo.
Perguntas Fechadas: Dizem-se fechadas aquelas perguntas que limitam o informante à opção por uma de entre as respostas previamente apresentadas. A utilização típica da pergunta fechada é a tradicional questão dicotómica, na qual o inquerido deve optar entre o Sim ou o Não.
Perguntas de Escolha Múltipla: São uma modalidade de perguntas mais difícil de caracterizar. Configuram tendencialmente uma modalidade fechada, permitindo ao inquirido a escolha de uma ou várias respostas de um conjunto apresentado. No entanto, a sua formulação apresenta-se, todavia, muito diversificada. Pardal e Correia (1998, p.55), ressalvando a diversidade de formas que as mesmas podem assumir, dividem as perguntas de escolha múltipla em perguntas em leque (o inquirido é convidado a escolher uma ou várias respostas entre as diversas alternativas apresentadas, podendo-lhe ainda ser pedida a ordenação de algumas ou de todas. Esta modalidade pode ser mais aberta ou fechada) e perguntas de avaliação ou estimação (semelhantes às perguntas em leque fechado, na qual o inquerido tem como única opção, num conjunto de respostas, a possibilidade de escolher uma das alternativas propostas, à qual é acrescentado um elemento quantitativo. As perguntas de estimação procuram captar os diversos graus de intensidade face a um determinado assunto, existindo diversos instrumentos de medida para o seu tratamento.) Estas ultimas perguntas são muito utilizadas em investigação pois possuem diversas vantagens, tais como: respostas relativamente simples; possibilitam a concentração do inquirido no problema em estudo; e facilitam o trabalho de tabulação.
Pedro Coelho do Amaral
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade – Metodologia Científica 1989 – S. Paulo - Atlas Editora
QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.
PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. 1998 – Areal Editores
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