segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Intervenção 3_Tema 2_A Recolha de Dados_Métodos Quantitativos de Recolha de Dados_Entrevista


Entrevista enquanto Técnica de Recolha de Dados
(Reflexão Geral)

Depois de caracterizar o questionário, enquanto técnica da recolha de dados, passo a caracterizar sucintamente algumas características da entrevista.
A entrevista é uma técnica de recolha de dados de larga utilização no âmbito da investigação social. Face ao questionário podemos dizer que existem algumas vantagens mas também algumas limitações. Nas diferentes formas que pode adquirir, a entrevista distingue-se de outras técnicas de recolha de dados pela real aplicação dos processos fundamentais de comunicação e interacção humana. Se bem estruturada, a entrevista permite reter um conjunto de informação e elementos de reflexão de enorme riqueza. Contrariamente ao inquérito por questionário, os métodos de entrevista caracterizam-se por um contacto directo entre quem investiga e os seus interlocutores. A opção por um ou outro dos tipos de entrevistas existentes – ou por outras modalidades que possam ser construídas pelo investigador – depende de diversos factores, que podem ir desde o objecto de estudo, características das população alvo, etc. A entrevista exige uma preparação muito cuidada dos entrevistadores, tanto ao nível dos conhecimentos, como dos comportamentos necessários face ao entrevistado (qualidade e os conhecimentos do entrevistador e, mesmo, o seu aspecto e sensibilidade). Existem algumas variantes, às quais são , consoante os autores consultados, atribuídos nomes diversos. Os principais tipos de entrevista podem ser divididos nas seguintes modalidades:

Entrevista estruturada: obedece a um enorme rigor na colocação de perguntas ao entrevistado. Tem um carácter estandardizado em diferentes níveis (formulação, sequenciação, e vocabulário das perguntas). Entrevistador e entrevistado são condicionados pelo rigor da técnica, submetidos a um guião inflexível, possuindo ambos uma liberdade de actuação muito limitada. Nesta tipologia de entrevista estruturada, torna-se necessário um extremo rigor na sua execução para que a informação obtida seja igualmente rigorosa. No entanto esse mesmo rigor pode funcionar de forma contraproducente ao ser retirada, alguma espontaneidade e flexibilidade.

Entrevista não - estruturada: A entrevista não estruturada permite maior liberdade de actuação. Dir-se-ia tratar-se de uma conversa livre entre entrevistador e entrevistado, em que o primeiro, de qualquer maneira, não pode sugerir respostas ao interlocutor. Este tipo de entrevista pode assumir diferentes formas, sendo a entrevista não-dirigida e dirigida, algumas das técnicas mais utilizadas de entrevista. Quivy e Campenhoudt (1998, p. 193) destacam a focused interview que tem por objectivo analisar o impacto de determinado acontecimento ou de uma experiência precisa. Ao longo desse tipo de entrevista, o entrevistador dispõe de uma longa lista de tópicos relativos ao tema estudado.

Entrevista semi-estruturada /semidirectiva ou semidirigida: segundo Quivy e Campenhoudt (1998, p. 192) é a mais utilizada em investigação social, assumindo-se como um meio-termo com características nem inteiramente livres ou abertas, nem inteiramente estanques e rigorosas. O entrevistador, entrevistado e processo de comunicação podem assumir uma posição formal, mas sem um leque de perguntas estabelecidas à priori de forma absolutamente linear. Geralmente o investigador dispõe de um referencial de perguntas-guias, relativamente abertas, a propósito das quais é imperativo receber uma informação da parte do entrevistado, sendo lançadas à medida do desenrolar da conversa. Pretende-se que o entrevistado fale abertamente, com as palavras que desejar e pela ordem que lhe convir. Deseja-se que o discurso do entrevistado vá fluindo livremente. O entrevistador deve-se esforçar por reencaminhar a entrevista para os objectivos cada vez que o entrevistado deles se afastar e por colocar as perguntas às quais o entrevistado não chega por si próprio no momento mais apropriado e de forma tão natural quanto possível.

Algumas das suas principais vantagens:

» Informação mais rica e diversificada

» O grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos.

» A flexibilidade e a fraca directividade do dispositivo que permite recolher os testemunhos e as interpretações dos interlocutores, respeitando os próprios quadros de referência – a sua linguagem e as suas categorias mentais.

Algumas desvantagens ou possíveis limites:

» A excessiva flexibilidade e faltas de directivas técnicas precisas do método podem criar diferentes formas de abordagem à entrevista criando efeitos contrários.

» Limitação na recolha de informação sobre assuntos considerados delicados

» Fraca possibilidade de aplicação a grandes universos.

Pedro Coelho do Amaral

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade – Metodologia Científica 1989 – S. Paulo - Atlas Editora

QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.

PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. 1998 – Areal Editores

Interviewing in qualitative research acedido em http://fds.oup.com/www.oup.co.uk/pdf/0-19-874204-5chap15.pdf (disponível em 11 de Novembro de 2009)

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