terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Wiki_Guião

Após uma análise exaustiva das diferentes grelhas apresentadas pelos grupos de trabalho elaborei um esboço de guião de entrevista que viria a ser utilizado pelos restantes colegas.


1. Perfil Pessoal e profissional do(a) entrevistado(a)


1.1 Sexo :

Masculino □ Feminino □

1.2 Idade:

Menos de 35 anos □ Entre 35 e 45 anos □ Entre 46 e 55 □ Mais de 55 anos □

1.3 Habilitações Literárias ___________________________________________

1.4. Grupo de Recrutamento _________________________________________

1.5. Disciplina(s) que lecciona ________________________________________

1.6 Anos de serviço docente?

Menos de 5  Entre 5 e 15  Entre 16 e 25  Mais de 25 

1.7 Exerce actualmente algum cargo de coordenação? Qual ou quais?

1.8 Ao longo da sua formação adquiriu conhecimentos na área das novas tecnologias da informação ou considera-se um auto-didacta?

1.9 Utiliza as novas tecnologias da informação em contexto de aula. Se sim, quais os recursos que utiliza e com que objectivos?



2. Nível de conhecimento e participação do(a) entrevistado(a) em redes sociais

2.1 Das redes sociais que existem, quais as que conhece?

2.2 Refira, se souber, qual o principal objectivo de cada uma das redes sociais que indicou anteriormente.

2.3 Encontra-se inscrito em alguma rede social? Se sim, qual ou quais?

2.4 Que actividades desenvolve nessa rede social?

2.5 Qual a frequência de utilização dessa rede: mensal, semanal ou diária? Apesar de inscrito, raramente ou nunca acede à mesma.

2.6 Se a resposta à questão 2.3 for negativa, indique-nos quais as razões porque não se encontra inscrito ou porque não utiliza as redes sociais.

2.7 E ainda (se a resposta à questão 2.3 for negativa) como vê a sua participação hipotética numa rede social da Internet?

- Possível, pouco possível ou improvável.



3. Perspectiva crítica do(a) entrevistado(a) sobre as redes sociais

3.1 - Fale-nos da sua opinião acerca das redes sociais na Internet (mencionar, se necessário, o Facebook, Hi 5, Myspace ou Twitter) e quais as suas implicações no tipo de relações:

• pedagógicas (notas do entrevistador: entre alunos e professores; possibilidades de interacção; o espaço de aprendizagem; tipos de actividades passíveis de serem desenvolvidas)

• interpessoais (notas do entrevistador: entre jovens e pessoas das diferentes faixas etárias; tipos de interacção; actividades fomentadas; potencialidades da ferramenta)

• familiares (notas do entrevistador: possibilidades de interacção, relações reais entre pais e filhos)



4. Expectativas do entrevistado(a) sobre a utilização das redes sociais no ensino

4.1 Considera que as redes sociais podem ser utilizadas em contexto educativo?

4.2 Que exemplos pode fornecer de possíveis utilizações educativas das redes sociais?

4.3 Considera que as redes sociais podem influenciar a prática pedagógica dos professores? De que forma?

4.4 Considera existirem para os alunos, em termos de aprendizagem, vantagens na utilização educativa das redes sociais?

4.5 Refira 2 vantagens e duas desvantagens que observa na utilização de redes sociais no ensino.


5. Validação da Entrevista

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Guião de Entrevista do Grupo Alémar - Considerações

Antes de mais, os meus sinceros parabéns pelo trabalho realizado e pelo esforço de melhoria que tentaram implementar no vosso trabalho. Gostei da forma como fizeram o enquadramento/justificação do guião e penso que, de um modo geral, as questões estão bem elaboradas.
No entanto, da leitura atenta que fiz do vosso guião existem algumas considerações a fazer e que penso serem consensuais, algumas das quais foram já abordadas em posts anteriores como são os casos da duração da entrevista, a necessidade de uma melhor organização das questões dentro de cada tema, a falta de numeração, a ausência de inclusão de questões desdobradas nas perguntas abertas e o carácter demasiado abrangente que, penso eu, acaba por limitar o seu enquadramento ( entrevista, questionário e questionário de respostas abertas).



No entanto, o ponto menos conseguido seria a dificuldade, face ao tipo de questões demasiado fechadas que foram colocadas, de conseguir obter os elementos que permitam responder cabalmente à questão de investigação formulada sobre as expectativas dos professores relativamente à utilização de redes sociais, após a fase de verificação empírica (recolha de dados e análise da informação)



Pedro Coelho do Amaral

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Guião_Conjunto - Considerações

Considero que 30 minutos (reais) de entrevista serão mais do que suficientes para o tipo de entrevistas apresentadas. Aliás, se fizermos uma análise aos diferentes guiões é possível observar que a maioria das entrevista é perfeitamente exequível em 30 minutos. Do ponto de vista de produtividade, convêm que as entrevistas sejam relativamente curtas para um posterior tratamento dos dados e para que o entrevistador consiga entrevistar o maior numero possível de entrevistados. Naturalmente que, tudo que acabei de referir, está intimamente ligado ao objecto de estudo e à quantidade e qualidade da informação que se pretende retirar das entrevistas. Se pensarmos do ponto de vista prático, e fizermos uma comparação com questionários demasiado longos, podemos observar que quanto mais longa for a entrevista, maiores serão as possibilidades de não se conseguir chegar ao final dessa mesma entrevista ou maior será a necessidade de cortar etapas para conseguir chegar ao seu términos.
Em relação a uma possível gravação áudio da entrevista, considero que não existe qualquer problema nesse procedimento. Inclusive pode ser uma forma do investigador certificar-se de algum elemento de investigação que lhe possa ter escapado.

Pedro Coelho do Amaral

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Análise do Guião de Entrevista dos Eurek@s

A estrutura do documento desenvolvida pelo grupo Eurek@s apresenta-se bem organizada, adequadamente estruturado, perguntas correctamente formuladas e com explicações detalhadas e esclarecedoras sobre os que é pretendido em cada bloco de questões. As notas que apresentam para o entrevistador ao longo da entrevista são mesmo, na minha opinião, uma das mais-valias deste trabalho.
Existem, no entanto, alguns aspectos que considero puderem ser alvo de aperfeiçoamento, a saber:

» A duração da entrevista parece-me demasiado longa, apesar de se adequar à extensão das perguntas efectuadas. No entanto uma entrevista extensa como esta (45m) pode funcionar de forma contraproducente. Nesse sentido considero que alguns elementos poderiam ser aligeirados ou subtraídos de forma a conseguir reduzir a duração da entrevista e conseguir manter o entrevistado atento e disponível. Para se conseguir manter uma entrevista produtiva durante 45 minutos o entrevistado precisa dominar um conjunto de conhecimentos específicos sobre técnicas de entrevista e uma boa dose de experiência. Não nos podemos esquecer que, normalmente, num processo de investigação deste tipo, entrevistador e entrevistado são pessoas pouco habituadas a estar nesse papel.

» O facto de serem somente 15 entrevistados pode representar um problema de representatividade do universo a estudar. Creio que para obter a representatividade necessária seria preciso aumentar o número de entrevistados, especialmente quando se quer obter informação sobre um universo tão abrangente como é o dos professores do ensino básico e secundário. Outra hipótese seria que os 15 entrevistados fossem, por exemplo, de um mesmo grupo disciplinar.

» Em relação à disposição geográfica das escolas, não é referido se as escolas se situam em grandes centros urbanos ou localidades mais pequenas. Assim como não referem se é no interior ou litoral. Creio que a simples divisão entre norte, centro e sul acaba por ser pouco rigorosa e não permite obter dados de comparação.
» Assim como outros colegas, creio que a questão nº 7 torna-se um pouco descabida pela forma como é colocada. Da primeira vez que a li, parecia-me que estavam a repetir a questão. Apesar da justificação do João, considero que essa questão, a existir, poderia ser formulada de outra forma, por exemplo “Exerce algum outro tipo de actividade fora do âmbito do ensino? ou “Exerce algum tipo de actividade para além da docência? ”



Pedro Coelho do Amaral

domingo, 22 de novembro de 2009

Intervenção 7_Tema 2_A Recolha de Dados_Métodos Quantitativos de Recolha de Dados_Qualidade e Organização das Perguntas






Qualidade e Organização das Perguntas num Questionário (reflexão)

Outra questão importante refere-se à qualidade e organização das perguntas. Segundo Quivy e Campenhoudt (1995, p. 181), o nível se exigência varia consoante se trate de um questionário ou de um guião de entrevistas. No caso da entrevista, o guião é o seu suporte. Mesmo quando é muito estruturado, a condução da entrevista está na mão do entrevistador que pode conduzir, induzir, esclarecer e orientar o entrevistado. Pelo contrário, o questionário destina-se frequentemente à pessoa interrogada, sendo lido e preenchido por ela. Nesse sentido, o investigador deve ter uma preocupação acrescida em tornar as perguntas claras e precisas, isto é, formuladas de tal forma que todas as pessoas interrogadas as interpretem, dentro do possível, da mesma forma. Nesse sentido é necessário proceder à testagem das perguntas (pré-teste), numa amostra reduzida, para o investigador se assegurar de que as perguntas serão bem compreendidas e as respostas corresponderão, de facto, às informações que o estudo necessita obter.
Na formulação do questionário existem um conjunto de etapas que, após a decisão da modalidade e do tipo de perguntas a fazer, torna-se necessário empreender com o objectivo de aumentar a qualidade e organização das perguntas. Tarefas como: proceder à sua redacção; determinar a sua ordem interna; ou estabelecer o seu número. Eis algumas possíveis boas práticas na qualidade e organização de perguntas:
» Redacção: A redacção de uma pergunta – para que possa ser compreendida do mesmo modo por toda a população alvo – deve obedecer ao princípio da clareza, ou seja, ser estruturada de forma precisa, concisa e unívoca, suscitando convergência de interpretações, permitindo respostas claras e limitando a ambiguidade de tratamento. Deve ainda, obedecer ao princípio da coerência, ou seja, estar em conexão com o indicador que a prescreve, correspondendo directamente à intenção da pergunta. Deve ainda, responder ao princípio da neutralidade, isto é, não deverá, em caso algum, induzir o entrevistado a uma determinada resposta. Uma pergunta, tendo uma função explicativa, compreensiva ou, mesmo preditiva, deve ser neutra, libertando-se de qualquer referencial de juízos de valores ou de preconceitos do próprio autor.
» Ordem: Esta tarefa de ordenação rigorosa das perguntas não se assume como algo fácil de determinar. O investigador deve, no entanto, ter presente que essa mesma distribuição pode interferir na recolha de dados. Algumas regras, normalmente utilizadas, definem que as perguntas gerais devem proceder as específicas e que as mais concretas devem preceder as abstractas.
»Número: Não existem normas rígidas. No entanto, não se deve esquecer que um questionário com um número excessivo de perguntas tem fortes possibilidades de não ser integralmente respondido e, mesmo, abandonado por parte do entrevistado. Se certeza que algo semelhante já aconteceu a todos nós.
Outros aspectos podem ser referidos acerca da qualidade e organização das perguntas e do questionário ou do pré-teste, tais como a sua apresentação. A esses aspectos voltarei em futura oportunidade.

Pedro Coelho do Amaral

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade – Metodologia Científica 1989 – S. Paulo - Atlas Editora
QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.
PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. 1998 – Areal Editores
Interviewing in qualitative research acedido em http://fds.oup.com/www.oup.co.uk/pdf/0-19-874204-5chap15.pdf (disponível em 11 de Novembro de 2009)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Intervenção 6_Tema 2_A Recolha de Dados_Métodos Quantitativos de Recolha de Dados_Análise de Dissertação





Método de Amostragem  -
Reflexão sobre a Dissertação Analisada


Na investigação sobre métodos de amostragem, consoante os autores pesquisados é possível encontrar diferentes nomenclaturas para processos que são semelhantes. Na leitura da obra de Pardal e Correia (1998, p. 40), os autores identificam a chamada Amostra de Área que caracterizam como um “Tipo particular de Amostra Estratificada” que ao invés de sortear indivíduos, sorteiam áreas. Neste tipo de amostra o universo é repartido em áreas, unidades grandes e homogéneas; entre essas áreas-amostras grandes, selecciona-se, ao acaso ou por recurso a intervalos regulares, uma parte, com vista a constituir a amostra; de seguida, procede-se à estratificação em segmentos de cada uma dessas áreas-amostra seleccionadas, cuidadosamente definidos como garante da sua homogeneidade; finalmente seleccionam-se, no interior de cada estrato unidades para compor a amostra. Os autores, nem a propósito, exemplificam uma possibilidade de Amostra de Área através da selecção de escolas do primeiro ciclo do ensino básico, sob o universo nacional. Pelas indicações, ou pela ausência delas, creio que a investigadora não utilizou esse tipo de amostra mais rigorosa. Sigo-me mais pela ideia do Paulo da amostra por conveniência e a amostra intencional.
Interessa no entanto esclarecer melhor do que se trata amostra intencional. Este tipo de amostra é enquadrável na categorização de Amostra não-probabilistica ou empírica, ou seja, aquelas cujos fundamentos de selecções não dependem de construções estatísticas, embora a elas algumas possam recorrer, mas sim, e essencialmente do juízo do investigador. Para que a amostra intencional seja bem construída e tenha valor representativo, pressupõe que o investigador tenha sobre o universo, no mínimo, algum conhecimento e intuição. Essa amostra sofre, como é facilmente expectável, de serias limitações, das quais se destaca a subjectividade, não podendo, como referem Pardal e Correia (1998, p. 42), constituir como uma base sólida de representatividade do universo, tendo todavia, se for feita de forma criteriosa, possibilidades de fornecer indícios a respeito do fenómeno em estudo. Os autores alertam que este tipo de amostragem deve ser utilizada mais como ferramenta de sondagens prévias para fornecer linhas orientadoras de pesquisa do que propriamente como método de amostragem final.
Também considero que a investigadora não identifica claramente o método de amostragem utilizado. Concordo com os colegas Paulo e a Paula, no sentido que identificam uma utilização de diferentes métodos de amostragem e que a sua justificação carece de rigor. Esses factos levam-me a considerar que a investigadora não recorreu, na escolha dos métodos de amostragem, a elementos metodológicos e cientificamente rigorosos de selecção, mas serviu-se sobretudo da sua intuição e provavelmente de conhecimentos pessoais, para elaborar essa mesma selecção.

Pedro Coelho do Amaral


LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade – Metodologia Científica 1989 – S. Paulo - Atlas EditorQUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.
PARDAL, Luís; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. 1998 – Areal Editores


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Intervenção 5_Tema 2_A Recolha de Dados_Métodos Quantitativos de Recolha de Dados_Questionário II




A Escolha das Perguntas num Questionário


Tal como prometido, volto ao Questionário para acrescentar alguns elementos mais operacionais relacionados com esta técnica de recolha de dados.
Podemos afirmar que um questionário para ser um instrumento de informação rigoroso necessita de todo um trabalho prévio que pressupõe um conjunto de procedimentos metodológicos e técnicos prévios. Esses procedimentos vão desde a formulação do problema até à aplicação, numa amostra reduzida similar à amostra-estudo, no que se refere à distribuição das características, ao pré-teste que, ao constituir-se como um estudo piloto, permite facultar os necessários dados empíricos que correctamente analisados e avaliados contribuem para o melhoramento do questionário final (na tese analisada observamos esse esforço de análise e avaliação dos resultados do pré-teste).
Na preparação do questionário, a escolha das perguntas é uma etapa essencial, tendo em conta que as respostas que o leque de perguntas colocadas vai proporcionar são uma consequência da qualidade da sua formulação.
Existem diferentes modalidades de perguntas e que alguns autores referem como abertas, fechadas ou de escolha múltipla. Eis algumas das suas características:
Perguntas Abertas: Toda e qualquer pergunta que permite plena liberdade de resposta ao inquirido. Este tipo de perguntas deve ser alvo de utilização criteriosa. A sua utilidade, segundo Pardal e Correia (1998, p. 54), é maior sobretudo em duas situações: quando se tem pouca ou nenhuma informação sobre o tema em estudo ou quando se pretende estudar um assunto em profundidade. Umas das características deste tipo de questão é que a tabulação das perguntas abertas reveste-se de extrema complexidade, seja pela variedade de informação que podem apresentar, seja porque o seu tratamento ocupa bastante tempo.
Perguntas Fechadas: Dizem-se fechadas aquelas perguntas que limitam o informante à opção por uma de entre as respostas previamente apresentadas. A utilização típica da pergunta fechada é a tradicional questão dicotómica, na qual o inquerido deve optar entre o Sim ou o Não.
Perguntas de Escolha Múltipla: São uma modalidade de perguntas mais difícil de caracterizar. Configuram tendencialmente uma modalidade fechada, permitindo ao inquirido a escolha de uma ou várias respostas de um conjunto apresentado. No entanto, a sua formulação apresenta-se, todavia, muito diversificada. Pardal e Correia (1998, p.55), ressalvando a diversidade de formas que as mesmas podem assumir, dividem as perguntas de escolha múltipla em perguntas em leque (o inquirido é convidado a escolher uma ou várias respostas entre as diversas alternativas apresentadas, podendo-lhe ainda ser pedida a ordenação de algumas ou de todas. Esta modalidade pode ser mais aberta ou fechada) e perguntas de avaliação ou estimação (semelhantes às perguntas em leque fechado, na qual o inquerido tem como única opção, num conjunto de respostas, a possibilidade de escolher uma das alternativas propostas, à qual é acrescentado um elemento quantitativo. As perguntas de estimação procuram captar os diversos graus de intensidade face a um determinado assunto, existindo diversos instrumentos de medida para o seu tratamento.) Estas ultimas perguntas são muito utilizadas em investigação pois possuem diversas vantagens, tais como: respostas relativamente simples; possibilitam a concentração do inquirido no problema em estudo; e facilitam o trabalho de tabulação.

Pedro Coelho do Amaral
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade – Metodologia Científica 1989 – S. Paulo - Atlas Editora
QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.
PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. 1998 – Areal Editores

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Intervenção 4_Tema 2_A Recolha de Dados_Métodos Quantitativos de Recolha de Dados_Análise da dissertação com Questionário





Análise Individual da Dissertação -
Métodos Quantitativos de Recolha de Dados

Após a análise da dissertação intitulada O PAPEL DA INTERNET NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO da autoria de Cidália Neto e tendo como suporte a pesquisa efectuada ao longo do Tema 1 e 2, início a minha participação neste fórum específico tentando dar resposta às questões iniciais colocadas pela professora. Apesar de não desejar repetir informação já prestada pelos meus colegas Paula e Rui, e atendendo ao facto de estarmos a analisar um documento único, vejo-me no entanto na obrigação de apresentar os resultados da minha pesquisa, mesmo que tal represente em alguns momentos uma repetição de respostas já fornecidas.
Respondendo directamente à primeira questão, posso afirmar que a autora apresenta claramente os objectivos de investigação que presidiram à elaboração do questionário, utilizando para esse efeito uma perspectiva piramidal ou em funil na sua apresentação dos objectivos. Começa por referir, numa macro caracterização, que os objectivos do estudo são os de verificar a representação que professores e alunos têm acerca da Internet, bem como caracterizar a utilização que fazem deste meio de aceder à informação (Resumo, p.iii). Posteriormente, numa perspectiva ainda abrangente mas mais descritiva (Capitulo I – Enquadramento do Tema no Ponto 2. Importância do Estudo), sistematiza os objectivos gerais que nortearam o estudo (p. 13), a saber:
• Verificar as condições de acesso à Internet (professores e alunos).
• Caracterizar a relação de professores e alunos com a Internet, numa perspectiva comparativa.
• Analisar as representações dos dois grupos, no que respeita à Internet e ao seu papel na sociedade, em geral, e na educação formal, em particular.
• Averiguar a forma como os alunos realizam uma pesquisa na Internet.
É no entanto no Capitulo III - Internet, representações, usos e expectativas - ponto 2º - Objectivos de estudo (p. 64) que, de forma mais particular e operacional, e partindo dos objectivos gerais e das considerações entretanto referidas, esclarece que o presente estudo visa dois grupos de sujeitos, professores e alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico, e na sua génese estiveram os seguintes objectivos específicos:
• Verificar a facilidade de acesso (ou não) à Internet.
• Verificar a frequência de acesso à rede.
• Apurar as razões de uma fraca navegação na Internet (se for o caso).
• Identificar os interesses que motivam o acesso à rede.
• Caracterizar a relação dos dois grupos com a Internet, em termos técnicos.
• Identificar as representações que os actores educativos têm acerca dos conteúdos presentes na Rede e sua organização.
• Verificar o grau de importância atribuída à Internet.
• Aquilatar o grau de confiança relativamente aos conteúdos que circulam na
Internet.
• Comparar as perspectivas e práticas dos dois grupos alvo.
Em relação ao grupo de professores, acrescenta ainda os seguintes pontos:
• Caracterizar a relação dos alunos com a Internet, sob o ponto de vista dos professores, em termos técnicos e cognitivos.
• Verificar se os professores ajudam os alunos nas suas pesquisas realizadas na Internet.
No ponto 3 do mesmo capítulo (p.65) desenvolve uma clara identificação da amostra indicando o universo da amostragem (valores relativos ao total de inquéritos distribuídos aos alunos e professores participantes), a faixa etária e nível de escolaridade dos alunos, a definição da área de aplicação do questionário (identificação das escolas da DREN, do distrito do Porto e Bragança), e indica o método usado na sua amostra, a saber: Justifica a escolha da localização geográfica com o objectivo de permitir uma comparação dos resultados entre o litoral e o interior, que pela situação geográfica desfavorável e diferentes estilos de vida poderiam apresentar resultados diferentes, fundamentando ainda o critério de selecção das escolas pela existência de professores aí colocados que mostraram interesse em colaborar na aplicação dos inquéritos junto dos alunos e colegas, bem como a presença de computadores ligados à Internet para uso dos alunos; Esclarece que a razão da escolha da faixa etária e nível de escolaridade dos alunos “(…)justifica-se pelo facto de o 8º ano significar a entrada no período da adolescência e possuir características muito próprias relativamente ao sétimo .”; refere ainda, relativamente aos professores, a ausência de necessidade de estabelecer, “(…) qualquer distinção entre zonas geográficas, visto que a vida profissional de grande parte dos docentes se caracteriza pela mobilidade constante.”
Esclarece ainda no ponto 4 quais os instrumentos de investigação utilizados descrevendo-os como "(…) dois questionários, um destinado a professores e outro aos alunos, constituídos por perguntas fechadas e por questões de escolha múltipla, pretendendo-se que satisfizessem os objectivos propostos."
No ponto 5 - Validação do questionário – a autora, de forma sucinta mas directa, responde à pergunta "O questionário usado foi objecto de validação prévia?", afirmando que “(…)foi elaborada uma primeira versão e submetida à apreciação de 20 alunos e 10 professores. As dificuldades, dúvidas e sugestões dos intervenientes permitiram corrigir aspectos de forma e conteúdo. Assim, foi reformulada a redacção das questões 11 e 12 e acrescentados tópicos às opções da pergunta 12. (p.66)”
Para terminar esta primeira ronda de questões e respondendo sobre quais as indicações sobre o modo de tratamento dos dados obtidos com a aplicação do questionário, a autora no ponto 7 (Tratamento e análise dos dados) do terceiro capitulo refere que os dados foram tratados e analisados em consonância com os objectivos de investigação previamente definidos e que “(...) para a sua análise estatística recorreu-se ao programa de computador Excel, sendo os resultados apresentados, sempre que útil, na sua perspectiva percentual.”
Em relação à questão: “Na dissertação apresentada há indicação dos passos que estiveram subjacentes à construção do questionário?”, devo referir que, partindo do princípio que compreendi de forma correcta a questão colocada, não consegui encontrar qualquer referência, directa ou indirecta, que me permitisse responder de forma afirmativa.
Após esta primeira intervenção, orientada para uma resposta directa às perguntas colocadas, tentarei em intervenções seguintes fazer uma análise crítica dos elementos identificados.

Pedro Coelho do Amaral

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Intervenção 3_Tema 2_A Recolha de Dados_Métodos Quantitativos de Recolha de Dados_Entrevista


Entrevista enquanto Técnica de Recolha de Dados
(Reflexão Geral)

Depois de caracterizar o questionário, enquanto técnica da recolha de dados, passo a caracterizar sucintamente algumas características da entrevista.
A entrevista é uma técnica de recolha de dados de larga utilização no âmbito da investigação social. Face ao questionário podemos dizer que existem algumas vantagens mas também algumas limitações. Nas diferentes formas que pode adquirir, a entrevista distingue-se de outras técnicas de recolha de dados pela real aplicação dos processos fundamentais de comunicação e interacção humana. Se bem estruturada, a entrevista permite reter um conjunto de informação e elementos de reflexão de enorme riqueza. Contrariamente ao inquérito por questionário, os métodos de entrevista caracterizam-se por um contacto directo entre quem investiga e os seus interlocutores. A opção por um ou outro dos tipos de entrevistas existentes – ou por outras modalidades que possam ser construídas pelo investigador – depende de diversos factores, que podem ir desde o objecto de estudo, características das população alvo, etc. A entrevista exige uma preparação muito cuidada dos entrevistadores, tanto ao nível dos conhecimentos, como dos comportamentos necessários face ao entrevistado (qualidade e os conhecimentos do entrevistador e, mesmo, o seu aspecto e sensibilidade). Existem algumas variantes, às quais são , consoante os autores consultados, atribuídos nomes diversos. Os principais tipos de entrevista podem ser divididos nas seguintes modalidades:

Entrevista estruturada: obedece a um enorme rigor na colocação de perguntas ao entrevistado. Tem um carácter estandardizado em diferentes níveis (formulação, sequenciação, e vocabulário das perguntas). Entrevistador e entrevistado são condicionados pelo rigor da técnica, submetidos a um guião inflexível, possuindo ambos uma liberdade de actuação muito limitada. Nesta tipologia de entrevista estruturada, torna-se necessário um extremo rigor na sua execução para que a informação obtida seja igualmente rigorosa. No entanto esse mesmo rigor pode funcionar de forma contraproducente ao ser retirada, alguma espontaneidade e flexibilidade.

Entrevista não - estruturada: A entrevista não estruturada permite maior liberdade de actuação. Dir-se-ia tratar-se de uma conversa livre entre entrevistador e entrevistado, em que o primeiro, de qualquer maneira, não pode sugerir respostas ao interlocutor. Este tipo de entrevista pode assumir diferentes formas, sendo a entrevista não-dirigida e dirigida, algumas das técnicas mais utilizadas de entrevista. Quivy e Campenhoudt (1998, p. 193) destacam a focused interview que tem por objectivo analisar o impacto de determinado acontecimento ou de uma experiência precisa. Ao longo desse tipo de entrevista, o entrevistador dispõe de uma longa lista de tópicos relativos ao tema estudado.

Entrevista semi-estruturada /semidirectiva ou semidirigida: segundo Quivy e Campenhoudt (1998, p. 192) é a mais utilizada em investigação social, assumindo-se como um meio-termo com características nem inteiramente livres ou abertas, nem inteiramente estanques e rigorosas. O entrevistador, entrevistado e processo de comunicação podem assumir uma posição formal, mas sem um leque de perguntas estabelecidas à priori de forma absolutamente linear. Geralmente o investigador dispõe de um referencial de perguntas-guias, relativamente abertas, a propósito das quais é imperativo receber uma informação da parte do entrevistado, sendo lançadas à medida do desenrolar da conversa. Pretende-se que o entrevistado fale abertamente, com as palavras que desejar e pela ordem que lhe convir. Deseja-se que o discurso do entrevistado vá fluindo livremente. O entrevistador deve-se esforçar por reencaminhar a entrevista para os objectivos cada vez que o entrevistado deles se afastar e por colocar as perguntas às quais o entrevistado não chega por si próprio no momento mais apropriado e de forma tão natural quanto possível.

Algumas das suas principais vantagens:

» Informação mais rica e diversificada

» O grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos.

» A flexibilidade e a fraca directividade do dispositivo que permite recolher os testemunhos e as interpretações dos interlocutores, respeitando os próprios quadros de referência – a sua linguagem e as suas categorias mentais.

Algumas desvantagens ou possíveis limites:

» A excessiva flexibilidade e faltas de directivas técnicas precisas do método podem criar diferentes formas de abordagem à entrevista criando efeitos contrários.

» Limitação na recolha de informação sobre assuntos considerados delicados

» Fraca possibilidade de aplicação a grandes universos.

Pedro Coelho do Amaral

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade – Metodologia Científica 1989 – S. Paulo - Atlas Editora

QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.

PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. 1998 – Areal Editores

Interviewing in qualitative research acedido em http://fds.oup.com/www.oup.co.uk/pdf/0-19-874204-5chap15.pdf (disponível em 11 de Novembro de 2009)

Intervenção 2_Tema 2_A Recolha de Dados_Métodos Quantitativos de Recolha de Dados_Questionário


Questionário enquanto Técnica de Recolha de Dados

(Reflexão Geral)


Numa análise individual de cada uma das principais técnicas de recolha de dados começo por caracterizar aquela que dediquei, até ao momento, uma maior atenção muito por culpa da análise que tivemos que efectuar à tese proposta, ou seja, o questionário.
Podemos referir que o questionário constitui-se como uma das técnica de recolha de dados mais utilizada no âmbito da investigação sociológica. Existe, um outro instrumento de recolha de informação muito similar ao questionário, designado por Cédula ou Formulário.
Fazendo uma breve descrição, podemos referir que o questionário é adequado a uma utilização pedagógica pelo carácter preciso e formal da sua construção e aplicação prática. Consiste, fundamentalmente, em colocar a um conjunto de inquiridos, geralmente representativos de uma população, uma serie de perguntas relativas à sua situação social, profissional ou familiar, às suas opiniões à sua atitude em relação a opções ou questões humanas e sociais, às suas expectativas, ao se nível de conhecimento ou de consciência de um acontecimento ou problema, ou ainda sobre qualquer outro ponto que interesse aos investigadores. Pode assumir uma variante de Administração Indirecta – o próprio inquiridor o completa a partir das respostas que lhe são fornecidas pelo inquirido ou administração Indirecta – Quando é o próprio inquirido que o preenche
O inquérito é especialmente indicado para os seguintes objectivos:
» O conhecimento de uma população enquanto tal: as suas condições e modos de vida, os seus comportamentos, os seus valores e as suas opiniões.
» A análise de um fenómeno social que se julga poder apreender melhor a partir de informações relativas aos indivíduos da população em questão
» De um maneira geral, os casos em que é necessário interrogar um grande nº de pessoas e em que se levanta um problema de representatividade.
As principais vantagens da sua utilização são:
» Possibilita quantificar uma multiplicidade de dados e de proceder por conseguinte, a numerosas análises de correlação.
» O facto de a exigência, por vezes essencial, de representatividade do conjunto dos entrevistados poder ser satisfeita através desse método. Comparando com outros instrumentos de recolha de dados, o questionário é susceptível de ser administrado a uma amostra lata do universo. É preciso sublinhar, no entanto, que esta representatividade nunca é absoluta, está sempre limitada por uma margem de erro e só tem sentido em relação a um certo tipo de perguntas – as que têm um sentido para a totalidade da população em questão.
» Garante, em princípio, o anonimato que é uma condição necessária para a autenticidade das respostas e não necessita de ser respondido de forma imediata, permitindo ao inquirido a escolha da hora mais adequada para o efeito.
» Formulário já exige outros requisitos (mais caro, recursos humanos devidamente preparados, etc.)
As possíveis desvantagens são:
» O peso e o custo geralmente elevado do dispositivo no caso de formulários
» Não é aplicável a analfabetos e só o é, com reservas, a inquiridos com dificuldade de compreensão das respostas, o que impede de ser utilizado na realização de diversos estudos
» A superficialidade das respostas, que não permite a análise de certos processos. Os resultados apresentam-se muitas vezes como simples descrições, desprovidas de elementos de compreensão penetrantes (menos ligado ao próprio método e mais a fraquezas teóricas ou metodológicas daqueles que o aplicam)
» A individualização dos entrevistados, que são considerados independentemente das suas redes de relações sociais.
» O carácter relativamente frágil da credibilidade do dispositivo, necessitando do preenchimento de um conjunto de condições para ser de absoluta confiança.
Para que o Post não fique demasiado longo, voltarei ao questionário mais tarde.
Pedro Coelho do Amaral

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade – Metodologia Científica 1989 – S. Paulo - Atlas Editora
QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.
PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. 1998 – Areal Editores
Interviewing in qualitative research acedido em http://fds.oup.com/www.oup.co.uk/pdf/0-19-874204-5chap15.pdf (disponível em 11 de Novembro de 2009)

domingo, 15 de novembro de 2009

Intervenção 1_Tema 2_A Recolha de Dados_Métodos Quantitativos de Recolha de Dados


Antes de fazer um apanhado geral da diferentes técnicas de recolha de dados obtidas a partir da pesquisa efectuada, discutir as suas vantagens e procurar ver em que casos serão úteis, torna-se importante enquadrar os métodos de recolha de dados a partir de algumas considerações que recolhi na revisão da literatura disponível, a saber:

» As técnicas ou métodos de recolha de dados são um instrumento de trabalho que possibilita a realização de uma pesquisa. Por outras palavras, um modo de se conseguir a efectivação do conjunto de operações em que consiste o método, com vista à verificação empírica – confrontação do corpo de hipóteses com a informação colhida na amostra.

» A escolha dos métodos de recolha dos dados depende dos objectivos da investigação, do modelo de análise e das características do campo de análise.

» Antes de escolher é importante assegurarmo-nos da sua pertinência em relação aos objectivos específicos de cada trabalho, às suas hipóteses e recursos que dispomos.

» Anteriormente à construção do método de recolha de dados, há todo um trabalho prévio, conducente à definição de indicadores prescritivos das perguntas a colocar correlacionados com o quadro teórico de referência.

» Toda e qualquer técnica de recolha de dados apresenta vantagens e desvantagens de utilização. Cabe ao utilizador pesar umas e outras e, face a ambas, tomar as decisões e ter os respectivos cuidados.

» A triangulação de diferentes técnicas de recolha de dados permite várias perspectivas sobre a mesma situação.

Eis algumas das principais técnicas, a partir das quais, em próximos posts, analisarei as suas principais características:

Exemplos:

1. Questionário

2. Entrevistas

3. Estudo por Observação

4. Análise e Recolha de conteúdo de dados preexistentes

Pedro Coelho do Amaral

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade – Metodologia Científica 1989 – S. Paulo - Atlas Editora

QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.

PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. 1998 – Areal Editores

Interviewing in qualitative research acedido em http://fds.oup.com/www.oup.co.uk/pdf/0-19-874204-5chap15.pdf (disponível em 11 de Novembro de 2009)

domingo, 1 de novembro de 2009

Intervenção 9_Tema 1_O Processo de Investigação_Planear uma Investigação IV


Continuando os conselhos, e agora relativamente à 7 e à 8º questão, se tivesse que aconselhar um colega sobre as técnicas de recolha de informação dir-lhe-ia que as técnicas são um instrumento de trabalho essencial para a viabilizar a realização da pesquisa. Será através de um correcto procedimento que será possível efectivar o conjunto de operações em que consiste o método, com vista à verificação empírica, ou seja, confrontação do corpo de hipóteses com a informação recolhida na amostra.
Existem diferentes técnicas de recolha de informação ou dados com diferentes variantes, vantagens, limites e problemas, tais como: questionários, entrevistas, observação directa, recolha de dados preexistentes (secundários e documentais), testes, discussão em grupo, etc.
Segundo Pardal e Correia (1998, 49): “Essa selecção de técnicas situa-se entre a fase de concepção do modelo de análise e a verificação empírica”.
O resultado da verificação empírica posterior, validada pelas técnicas de análise de dados é também um passo fundamental e que exige um enorme rigor metodológico e científico. Ou seja, se a montante as técnicas de recolha de informação forem alvo de uma selecção adequada e criteriosa e a jusante existirem ferramentas de análise condizentes que tratem a informação recolhida de forma correcta torna-se possível verificar empiricamente a coincidência(ou não) dos resultados observados com os resultados esperados, conforme o corpo de hipóteses.
Daí será possível, de forma verificável e replicável, partir para as conclusões do trabalho na qual o investigador apresenta no seu estudo os novos conhecimentos relativos ao objecto de análise, os novos conhecimentos teóricos e a perspectivação prática do seu trabalho (Quivy e Campenhoudt: 1995,244-248).

Pedro Coelho do Amaral

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade –
Metodologia Científica 1989 – S. Paulo - Atlas Editora
QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.

Intervenção 8_Tema 1__O Processo de Investigação_Planear uma Investigação III


Em relação à pergunta 6, se tivesse que auxiliar o meu colega diria que ao fazer a sua análise do fenómeno de estudo social, e na impossibilidade de inquirir todo o universo alvo de investigação, ele deveria ser bastante rigoroso na escolha e caracterização das amostras, enquanto parcelas significativas, representativas e caracterizadoras do todo.
Se gundo Quivy Campenhoudt (1995, 161), estudar uma amostra representativa de determinada população impõe-se quando estão reunidas duas condições, a saber:
» Quando a população é muito volumosa e é preciso recolher muitos dados para cada indivíduo ou unidade;
» Quando, sobre os aspectos que interessam ao investigador, é importante recolher uma imagem globalmente conforme à que seria obtida interrogando o conjunto da população, resumindo, quando se põe um problema de representatividade.
Os autores referem ainda a possibilidade, em muitos casos, de estudar componentes não estritamente representativas, mas características da população.
Dir-lhe-ia, então, que uma boa construção da amostra, poderia substituir de forma válida, a necessidade de conhecer todo o universo estudado, mas que tivesse em conta que uma amostra nunca é uma replica fiel ou exacta do universo. Basta estarmos atentas às últimas sondagens eleitorais nas quais, apesar do conhecimento científico acumulado, são cometidos graves erros científicos, acabando em resultados viciados (de forma consciente ou não) e errados. Naturalmente que a amostra é um procedimento cientifico que visa perante a impossibilidade de estudar o todo retirar partes, que com uma segurança razoável permitem conhecer o todo. Aconselharia então a definir de forma clara e precisa o universo a ser estudado, pois se essa definição estiver enferma na sua caracterização, incompleta, imprecisa e de interpretação ambígua, conduzirá a conclusões erradas, viciadas e enganadoras.
Podemos então dizer que, apesar de todas as amostras serem sujeitas ao erro (daí a existência de margens de erro), é possível determina-los através de recursos estatísticos.
Aconselharia então o meu colega, ao planear a sua amostragem, seguir as seguintes regras (Pardal e Correia: 1998, 33):
» Caracterizar com clareza o universo
» Decidir pelo tamanho e tipo de amostra – uma unidade de amostragem ou de análise -, atendendo aos critérios de representatividade definidos previamente;
» Explicitar técnicas de amostragem a aplicar
» Construir a amostra
Os autores, em relação aos tipos de amostra dividem-nas em aleatórias ou probabilísticas, não probabilísticas e empíricas ou mistas.
Em relação à questão colocada pela professora, concordo em absoluto com a fundamentação apresentada pela Paula.

Pedro Coelho do Amaral

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade – Metodologia Científica 1989 – S. Paulo - Atlas Editora
QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.
PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. 1998 – Areal Editores

Intervenção 7_Tema 1__O Processo de Investigação_Planear uma Investigação II

Após a definição da problemática e considerando que a problemática é a abordagem ou a perspectiva teórica que o investigador decide adoptar para tratarmos o problema formulado pela pergunta de partida é necessário proceder à fase de construção dos restantes instrumentos/enquadramentos teóricos e técnicos que permitirão criar um estudo cientificamente válido
Se cada tema de investigação pode ser investigado sob diferentes perspectivas científicas, nesta etapa devemos identificar as diferentes perspectivas possíveis, e escolher uma perspectiva, ou combinação de perspectivas, que iremos adoptar no trabalho de investigação. Respondendo directamente à questão nº 4, podemos afirmar que o quadro teórico de referência que resulta da evolução e síntese criteriosa da problemática vai ser o sustentáculo de toda a investigação e responsável pela sua credibilidade científica. Diria ao meu colega que esta fase é essencial e que o seu trabalho de investigação necessita de uma clara explicitação dos objectivos da investigação e consequentemente uma especificação das hipóteses de investigação, devidamente enquadrado no paradigma escolhido e na metodologia associada. Será esse quadro teórico devidamente fundamentado que permitirá sustentar e fundamentar cientificamente o modelo de análise que consta de um corpo de hipóteses – hipótese ou hipóteses de trabalho e, eventualmente, hipóteses adicionais. Os conceitos e definições implícitos ao paradigma escolhido e metodologia associada serão imprescindíveis para uma adequada explicitação dos objectivos da investigação e respectiva especificação das hipóteses de investigação. Se as hipóteses são um instrumento orientador da investigação, facilitador da selecção de dados e organização da sua análise, ao ser enquadrada por um corpo teórico ou conceptual devidamente fundamentado, torna-se possível por essa mesma análise à prova, confrontando a teoria e a realidade empírica, possibilitando (inclusive) a formulação de novas hipóteses. Sugeria-lhe também que as hipóteses, deviam cobrir de forma coesa, coerente e articulada a total dimensionalidade do problema, recorrendo a uma selecção precisa das variáveis e definição dos indicadores. No caso das variáveis e seguindo o pensamento de Pardal e Correia (1998,15), dir-lhe-ia que a sua definição passa por o cumprimento de algumas regras básicas, a saber:
» Estudar a bibliografia sobre o assunto
» Analisar o problema com colegas e professores, particularmente aqueles que já estudaram o assunto
» Tentar localizar material não publicado ou pesquisa elaborada sobre o assunto
» Tentar obedecer às etapas na reespecificação conceptual
» Desenvolver as hipóteses em pormenores claros, incluindo as suas conexões com a teoria social
» Estabelecer contacto real, quando possível, com o fenómeno em estudo.
Pedia-lhe também para estar particularmente atento à definição dos indicadores que, funcionando como subdimensões das variáveis, devem-se constituir como um corpo preciso, significativo e essencial de forma a serem cobertas as diferentes dimensões das variáveis definidas. Quanto mais completos forem os indicadores de determinada variável mais completa será a posterior validação da hipótese de trabalho.
Até já
Pedro Coelho do Amaral
QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.
PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. Porto: Areal Editores, 1995.
Ceia, Carlos - Como Fazer uma Tese de Doutoramento ou uma Dissertação de Mestrado – Curso Prático - http://www.fcsh.unl.pt/docentes/cceia/guias.htm

sábado, 31 de outubro de 2009

Intervenção 6_Tema 1_O Processo de Investigação_Planear uma Investigação I


Procedimentos e Boas Práticas na Planificação de uma Investigação (reflexão sobre as questões colocadas no fórum)

Numa tentativa de responder às questões colocadas pela professora, e baseando a minha opinião nas fundamentações apresentadas pelos meus colegas e por uma revisão criteriosa da literatura consultada, será possível elaborar um conjunto de procedimentos que considero essenciais na elaboração de um projecto de investigação, e que de certeza fariam parte dos possíveis conselhos que (amavelmente) prestaria a quem os pedisse.
Como ponto prévio, afirmaria que ao desenvolver um projecto de investigação social é expectável ou exigível que esse estudo se assuma como um contributo válido para uma dada área do conhecimento científico dentro do espectro das ciências sociais. Torna-se então necessário que o investigador, na elaboração da sua investigação actue seguindo os princípios do rigor metodológico. Esse rigor pode-se expressar nos seguintes parâmetros, a saber:
Um trabalho de investigação deve começar por definir claramente o problema a tratar e a sua relevância científica (deve ser escolhido um tema original nunca antes abordado ou uma abordagem nova a um assunto já estudado), os objectivos a alcançar e a metodologia ou combinação de metodologias escolhida para atingir os resultados pretendidos. No final do processo o investigador deve estar convencido (e conseguir convencer os seus pares) que a questão investigada foi devidamente tratada e foram apresentados argumentos cientificamente fundamentados. Nesse sentido poder-se-á afirmar que a formulação do problema de investigação é a base que sustenta todo o projecto. Fazendo uma analogia com o audiovisual (a minha área de formação e especialização), não existe um bom projecto cinematográfico sem uma boa ideia, uma boa história a contar. Mesmo que tudo o resto tenha qualidade, seja a planificação (sinopse, storyboard, argumento, planificação técnica, equipa de trabalho, etc.), a produção ou a pós-produção, se não existir uma boa história por detrás, o projecto final até pode funcionar como um excelente exercício de estilo, mas nunca será uma grande obra cinematográfica. O mesmo se passa numa investigação.
Traduzir um objecto de investigação sob a forma de uma pergunta de partida só será útil se essa pergunta for correctamente formulada. Se a investigação parte de um problema que se consubstancia numa pergunta operacional, logo esta deve ser precisa, inequívoca e realista, respondendo aos princípios da clareza, da exequibilidade e da pertinência. Esse seria o meu conselho em relação à 1ª questão e isso só será possível se na fase de exploração ou ruptura se fizer um correcto balanço das possíveis problemáticas extraídas das leituras, entrevistas ou outros instrumentos exploratórios, o que contribuirá, provavelmente para um novo olhar do investigador face ao problema de estudo. A problemática elabora-se progressivamente em função da dinâmica própria deste trabalho inicial de investigação que irá permitir formular os principais pontos teóricos da investigação, a pergunta que estrutura finalmente o trabalho, os conceitos fundamentais e as ideias gerais que inspirarão a análise. Tentando responder à segunda pergunta, aconselharia o meu colega a fazer uma exaustiva revisão da literatura existente sobre o assunto a ser estudado, recorrendo a bases de dados públicas de teses e dissertações, à aquisição de obras de referência e às mais recentes obras publicadas. No entanto, sabendo que este processo pode ser extremamente complexo, aconselharia o meu colega a fazer uma escolha e organização das leituras de forma muito cuidadosa e rigorosa. Sabemos que este passo pode acabar por trazer consequências desastrosas para o processo de investigação. Se o investigador consumir demasiado tempo na leitura das referências bibliográficas, poderá prejudicar de sobremaneira a cronologia temporal estimada para o seu projecto de investigação. Como deve então proceder o investigador? Quais os critérios a reter? Eu aconselharia uma leitura de obras directamente relacionadas com a pergunta de partida, não tentar ler todas as obras na sua totalidade escolhendo, numa primeira análise, reflexões de síntese ou artigos mais objectivos e de menor dimensão, procurar documentos que não se limitem a apresentar dados, mas incluam também elementos de análise e interpretação, escolher textos que apresentem abordagens diversificadas do fenómeno estudado e por fim partilhar as leituras com os outros, sejam colegas, professores, orientadores, etc. Essa partilha e discussão poderá ser essencial para libertar o investigador e dar-lhe a conhecer outras perspectivas.
Para terminar esta primeira intervenção sobre as questões colocadas pela professora, e numa tentativa de responder à 3ª questão, aconselharia o meu colega a definir correctamente o paradigma dominante em que se insere a sua investigação. Como sabemos, o paradigma influencia as metodologias utilizadas. Sabemos também que diferentes metodologias colocam diferentes exigências de recursos e tempo de investigação, produzindo diferentes resultados. Uma metodologia adequada ou combinação adequada de metodologias será aquela que permite atingir os objectivos pretendidos no tempo e com os recursos disponíveis. Nesse sentido, e sendo honesto comigo próprio e com o meu colega, dir-lhe-ia que ainda não me sinto suficientemente à vontade (apesar das exaustivas leituras e discussões sobre o tema) para poder-lhe ajudar, sem correr o risco de estar a prestar uma ajuda omissa ou incorrecta. Nesse sentido, encaminharia o meu colega para alguém mais experiente ou pedia-lhe para vir falar comigo daqui o mais algum tempo.
Em relação às restantes perguntas, e porque este texto já vai longo, voltarei mais tarde.

Pedro Coelho do Amaral

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Intervenção 5_Tema 1_ O Processo de Investigação_Etapas do processo Investigativo

Tentando responder à questão “Mas uma investigação em que se procede a um estudo de caso (como a da dissertação analisada) visa a generalização?”
Segundo Grawitz (1974:336-338) a valorização crescente dos estudos de caso surgiu da querela em torno do carácter nomotético ou idiográfico das ciências sociais e, num outro âmbito, da importância das metodologias quantitativa e qualitativa na investigação social.
O que isto quer dizer é que ao ser possível tornar viável o conhecimento pormenorizado de uma situação (como é o caso da dissertação analisada) por recurso a métodos com características qualitativas e quantitativas, o estudo de caso permite compreender naquele o particular na sua complexidade, ao mesmo tempo que pode abrir caminho, sob condições muito limitadas, a algumas generalizações empíricas, que Pardal e Correia (1998, 23) apontam como sendo de validade transitória.
Respondendo directamente à pergunta, um caso de estudo não visa a generalização, mas deste podem ser retirados novos conhecimentos e consequências práticas que o investigador pode sugerir como podendo ser generalizadas, mas que necessitam de posterior validação através de uma investigação mais abrangente.
Pedro Coelho do Amaral

GRAWITZ, Madeleine (1974) Méthodes dês Sciences Sociales, Paris:Dalloz
PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. Porto: Areal Editores, 1995.

Intervenção 4_Tema 1_ O Processo de Investigação_Etapas do processo Investigativo


A análise que fiz dos diferentes fluxogramas e da leitura de diferentes recursos bibliográficos, apesar dos possíveis paradigmas e metodologias que lhe estão associados, permitiu-me retirar algumas considerações que considero como elementares e transversais no desenvolvimento de uma investigação social.
Primeiro, e como afirmam Correia e Pardal (1998,13), uma investigação social não é uma sucessão de etapas estereotipadas ou estabelecidas que se cumprem numa determinada ordem imutável. As diferentes opções tomadas, a construção e a organização dos processos varia em função da natureza e da especificidade do objecto de estudo e está directamente relacionada as idiossincrasias do próprio investigador. Esse aspecto está presente quer nos diferentes fluxogramas apresentados, quer nos resultados das leituras efectuadas a diferentes autores na área de metodologia da investigação social. Apesar da existência de um determinado grau de flexibilidade ou elasticidade nas etapas de procedimento que envolvem a construção de determinado modelo de análise social, uma investigação científica (na verdadeira acepção do conceito) está obrigada a ser fiel aos princípios do rigor metodológico, esteja esta relacionada com fenómenos físicos ou fenómenos sociais. Sendo um procedimento metodológico uma forma de progredir em direcção a um objectivo, ao ser exposto determinado procedimento cientifico está-se a descrever os princípios fundamentais que iram ser postos em prática em qualquer trabalho de investigação. Os métodos acabam por não ser mais do que formalizações particulares desse procedimento, percursos diferentes ou alternativos concebidos para estarem mais adaptados aos fenómenos ou domínios estudados. No entanto como, referem Quivy e Campenhout (1995, 13), os processos de adaptação não dispensam a fidelidade do investigador aos princípios fundamentais do procedimento científico. No fundo poder-se-á afirmar que um procedimento metodológico, apesar de ser suficientemente flexível e aberto para poder responder e abarcar diferentes linhas de investigação, deve ter presente algumas etapas transversais e de carácter obrigatório. Segundo Carlos Ceia, o principal objectivo de uma investigação cientifica avançada será, em primeiro lugar, o de identificar um problema científico relevante que não foi ainda sujeito a investigação e depois cumprir o objectivo de resolver o problema definido como ponto de partida da investigação. Segundo o mesmo autor: “Quando encontramos a solução para o problema original que definimos como base de trabalho da nossa investigação, podemos dizer que cumprimos o grande objectivo de uma investigação cientifica avançada”
Em jeito de síntese, e fazendo um apanhado geral da analise dos fluxogramas e da literatura pesquisada, é possível afirmar que a investigação parte de um problema, uma pergunta de partida operacional, precisa, única e realista, formulada com uma intenção de compreensão ou explicação da realidade do objecto de estudo. Essa pergunta, seguindo a linha de pensamento de Quivy e Campenhout (1995, 13), só fará sentido se for correctamente formulada, respondendo aos princípios da clareza, da exequibilidade, da pertinência.
A fase seguinte é designada segundo diferentes autores como exploratória. Se a investigação parte de um determinado problema (objecto de estudo) e é consubstanciado na pergunta de partida operacional, a exploração vai permitir fornecer, afinar ou moldar esse mesmo problema, através da aquisição de elementos teóricos e /ou empíricos que, ao revelar as suas dimensões essenciais e facetas particulares, sugerem caminhos e modos de abordagem. Essa exploração estabelece-se num conjunto bidireccional de métodos de trabalhos precisos que podem assumir a forma de revisão de literatura assente em critérios de escolha bem definidos, pesquisa sobre trabalhos de investigação não publicados, inquéritos/entrevistas exploratórias, observação por contacto directo com o objecto de estudo e outros métodos exploratórios complementares.
Após este período exploratório, a etapa seguinte representa o inicio de um processo de construção constituído pela aquisição de novas perspectivas, a inspiração a partir de novas abordagens, o balanço da informação recolhida estabelecendo as problemáticas possíveis e finalizando-se com a organização de uma síntese criteriosa de toda a problemática elaborada. Podemos afirmar que a problemática é a abordagem ou perspectiva teórica que o investigador decide adoptar para desenvolver uma investigação que responda ao problema formulado pela pergunta operacional de partida. A construção da problemática irá permitir construir um quadro teórico de referência que irá sustentar a investigação e fornecer-lhe a credibilidade científica indispensável. Esse quadro teórico irá permitir desenvolver um sistema conceptual em que se precisam os conceitos (construção lógica) e as definições operacionais que permitirão uma adequada formulação de hipóteses de trabalho e inclusive hipóteses adicionais. Esta fase é designada por diferentes autores como a fase de construção do modelo de análise.
As hipóteses funcionam num trabalho de investigação como um instrumento orientador da investigação que facilita a selecção de dados e a organização da sua análise através de uma correcta selecção de variáveis e definição dos respectivos indicadores, precisos, significativos e essenciais.
De seguida procede-se à observação e define-se os respectivos instrumentos que passam por delimitar o campo de observação, conceber o instrumento de observação, testar esses instrumentos e recolher os dados. Essa recolha obedece a um conjunto de procedimentos que podem necessitar de diferentes técnicas de recolha de dados.
Por fim, passa-se à fase de análise das informações observadas recorrendo a uma verificação empírica assente na administração de técnicas de recolhas de dados e análise das informações, com a descrição dos resultados e posterior comparação dos resultados observados com os resultados esperados a partir da hipótese e exame das diferenças.
A fase final do trabalho de investigação é convertida numa conclusão em que todo o procedimento é recapitulado e onde são apresentados os resultados, pondo em evidência os novos conhecimentos e as consequências práticas desse novo conhecimento.
Em jeito de síntese, e visto que o texto já vai longo, estes seriam as etapas do procedimento metodológico que considero serem transversais e essenciais aos diferentes modelos de análise social abordados.
Pedro Coelho do Amaral
QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.
PARDAL, Luís; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. Porto: Areal Editores, 1995.
Ceia, Carlos - Como Fazer uma Tese de Doutoramento ou uma Dissertação de Mestrado – Curso Prático - http://www.fcsh.unl.pt/docentes/cceia/guias.htm

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Intervenção 3_Tema 1_ O Processo de Investigação - Paradigmas e Métodos


O Processo de Investigação - Paradigmas e Métodos III


Respondendo ao repto do Paulo acerca da distinção entre metodologia e método, eu acrescentaria, numa altura em que ainda estamos a apalpar terreno na utilização de vocabulário específico da unidade curricular de Metodologias da Investigação, mais um termo passível de criar confusão e ser por nós utilizado de forma errada ou menos correcta. Refiro-me à distinção de ambos os conceitos entre si e em relação ao que se designa por técnicas de investigação.
Podemos afirmar que Metodologia é um termo utilizado de forma recorrente e com múltiplos sentidos. Esse facto faz com que se torne num conceito ambíguo e empregue com pouco rigor. Segundo Correia e Pardal (1995), ao ser utilizado de uma forma ligeira e corrente é associado não só à ciência que estuda os métodos científicos, como a técnicas de investigação e até mesmo a epistemologia (p. 10).
Já o método é, acima de tudo, um plano orientador do trabalho. Segundo os autores acima referidos, o método consubstancia-se, essencialmente, num conjunto de operações, situadas a diferentes níveis, que tem em vista a consecução de objectivos determinados. Ou seja, funciona como um corpo orientador da pesquisa que, ao obedecer a um sistema de normas, torna possível a selecção e articulação de técnicas, com o objectivo de se poder desenvolver o processo de verificação empírica.
Os métodos de investigação não podem no entanto ser identificados como técnicas, visto que as técnicas nunca configuram um corpo orientador de investigação, nem sequer um plano de trabalho sobre a mesma. As técnicas de investigação são somente um conjunto de instrumentos para a realização do plano de trabalho.
Pedro Coelho do Amaral
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/msantos/tese/C4-Metodologia.pdf
QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de investigação em Ciências Sociais . 2ª edição. Lisboa: Gradiva, 1998.
PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social . Porto: Areal Editores, 1995.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Intervenção 2_Tema 1_ O Processo de Investigação_Paradigmas e Métodos


O Processo de Investigação - Paradigmas e Métodos II
Quem nasceu Primeiro - o ovo ou a galinha?


Mantendo acesa a chama virtual, vou tentar lançar mais algumas achas na questão brilhantemente colocada pelo Paulo, na qual questiona se “… a definição do problema e das questões metodológicas é subsidiária do paradigma de investigação ou o paradigma é subsidiário da definição do problema e das questões metodológicas?
A minha opinião em relação a essa e outras questões, nas quais torna-se necessário responder de uma forma linear, objectiva e dogmática, será a de que as respostas resultantes acabam sempre por ser demasiado redutoras e simplistas.
Num primeiro momento, e de um ponto de vista racional e lógico sou levado a concordar com a Paula quando refere que “…sendo o paradigma os valores, pensamentos, visão do mundo, algo que está inculcado na mente de cada sujeito, grupo social, quando se faz um trabalho de investigação, esse paradigma está inerente a todo o processo”. Esta opinião é perfeitamente plausível e reveste-se de uma lógica inatacável, com a qual concordo (tendo, inclusive, reflectido sobre isso no post anterior). No entanto, e posicionando-me no papel de investigador, não posso considerar um erro ou porventura um acto contra natura se optasse por um paradigma distante daquele a que estou intrinsecamente vinculado, se achasse que este serviria melhor os propósitos da minha investigação. Acredito na capacidade de análise, flexibilidade e bom senso do ser humano e se é obvio que o homem constitui-se pelas teias de relação que se estabelecem entre as suas crenças, opiniões filosóficas, ideologias políticas, matrizes culturais, etc., também acredito que é perfeitamente possível ao indivíduo libertar-se dessa teia, de forma consciente ou não, e possuir a capacidade de se distanciar do seu enquadramento natural, e escolher qual o caminho que se adequa na definição do problema e questões metodológicas associadas.
Esta questão remete-me para Correia e Pardal, quando reflectem sobre a discussão em torno da suposta dicotomia entre “estudos qualitativos” e estudos quantitativos”. Segundo os autores, “Independentemente de especificidades que caracterizem mais um ou outro ponto de vista, “o quantitativo” e o qualitativo” precisam, acima de tudo, de ter em conta os mais elevados níveis de precisão e de fidedignidade e trabalhar com os dados que respondam o melhor possível às exigências do problema em estudo”(Correia e Pardal:1995, 15).

Pedro Coelho do Amaral

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Intervenção 1_Tema 1_ O Processo de Investigação_Paradigmas e Métodos


O Processo de Investigação - Paradigmas I

Sendo a investigação, um processo de busca intencional, consistente, metódica e orientada, que visa dar resposta a problemas colocados pela praxis social, torna-se necessário que se oriente por linhas directoras, por modelos de referência que a sustentem e que lhe dêem um enquadramento conceptual. Como em qualquer campo da actividade intelectual, seja de natureza politica, social, cultural, artística ou outra, existem diferentes perspectivas, orientações filosóficas que mais não são do que formas distintas de abordar e perspectivar determinado objecto de estudo ou assunto. Basta pensarmos, por exemplo, nas diferentes teorias da aprendizagem e verificamos que o ângulo de visão do mesmo problema é radicalmente oposto se a abordagem se basear numa filosofia comportamental, cognitivista ou construtivistas, e mesmo dentro desses grandes troncos conceptuais existem autores ou correntes de pensamento que constroem teias de relação entre estas ou então partem à procura de novos paradigmas. O mesmo se passa no campo da metodologia da investigação, onde existem diferentes perspectivas sobre o seu processo metodológico, e que possuem na sua base orientações filosóficas radicalmente opostas mas que mesmo assim se torna complexo ou impossível estancar ou hierarquizar em modelos rígidos. Segundo Thomas Kuhn (1962) “Um paradigma é uma forma de ver o mundo aceite num dado momento por uma dada comunidade científica” . Naturalmente que os actuais paradigmas se situam num determinado tempo e espaço localizado e correspondem a avanços e recuos na forma como a sociedade, e a comunidade intelectual e cientifica em particular, olha para o conhecimento. O homem é fruto do seu tempo e se durante décadas fomos ensinados a acreditar no poder objectivo e comprovável da ciência e do método científico, a verdade é paulatinamente fomos descobrindo que o conhecimento, especialmente nas ciências humanas ou sociais não se enquadra numa perspectiva meramente matemática, objectiva e linear. A importância de conhecer profundamente os diferentes enquadramentos é portanto essencial para quem faz investigação. Essas diferentes perspectivas ou paradigmas não se limitam a definir metodologicamente os procedimentos necessários ao processo de investigação. Estas contaminam também a forma como se aborda o problema, os dados que são necessários recolher, a forma como esses dados são tratados ou processados e consequentemente as próprias conclusões da investigação.


Actualmente são três os modelos de referência (apesar de como referi não ser consensual a sua divisão ou limitação e, inclusive, a sua terminologia) e podem ser caracterizados nos seguintes termos:
» Quantitativo ( positivista, normativista, empírico-analítico, racionalista, empiricista )
» Qualitativo (Interpretativo, hermenêutico, naturalista)
» Socio-critico (ou emancipatório).

O paradigma da investigação dita quantitativa tem sido o dominante da investigação social, na qual se inclui naturalmente a educação. A epistemologia quantitativa ou positivista de Augusto Comte, para a qual "Objectividade", "meios para ser objectivo" são os conceitos chave, está na base deste paradigma. Segundo esta epistemologia, o mundo é objectivo, existe independentemente do sujeito e o investigador deve ser o mais neutro possível para não interferir na realidade. O mundo social é igual ao mundo físico: importa conhecer as relações causa-efeito. O seu objectivo é prever, explicar e controlar fenómenos. A epistemologia positivista levou ao paradigma positivista da investigação que enfatiza. Existe uma clara distinção entre o investigador “subjectivo” e o mundo exterior “objectivo”. O conhecimento assume-se como válido por resultar da aplicação do método científico. O paradigma positivista tem como fundamentos o determinismo (há uma realidade a ser conhecida), a racionalidade (não podem existir explicações contraditórias), a impessoalidade (procura a objectividade e evita a subjectividade o mais possível), a irreflexivilidade (faz depender a validade dos resultados de uma correcta aplicação dos métodos esquecendo o processo de investigação em si), a previsão (capacidade de prever e controlar os fenómenos) e a objectividade absoluta. Em linhas gerais, considera-se que existe uma realidade objectiva, laboratorialmente aplicável, que o investigador tem de ser capaz de interpretar objectivamente; cada fenómeno deverá ter uma e só uma interpretação objectiva (cientifica).
Na Epistemologia subjectivista/construtivista, o fundamento teórico baseia na fenomenologia, cuja finalidade deixa de ser a verificação como no paradigma positivista, e passa a ser a descoberta. Alicerçado no idealismo de Kant e daqueles que o sucederam, este paradigma constrói-se na crença que não existe uma única interpretação (objectiva) da realidade mas, pelo contrário, admite-se que existem tantas interpretações da realidade quanto os indivíduos (investigadores) que a procuram interpretar. O investigador e objecto são ambos e ao mesmo tempo, “intérpretes” e “construtores de sentidos”. O papel do investigador é valorizado, enquanto construtor do conhecimento, assumindo uma atitude selectiva, aproximando-se da realidade numa perspectiva holística e apoiado numa visão da realidade múltipla (em contraponto com a visão única positivista). Substitui as noções científicas de explicação, previsão e controlo (paradigma positivista) pelas de compreensão, significado e acção; O Sujeito (investigador) e objecto (sujeito) da investigação têm a característica comum de serem, ao mesmo tempo, “intérpretes” e “construtores de sentidos”. O paradigma interpretativo tem como fundamentos a compreensão, o significado, a acção e o contexto.
O paradigma Critico, parte do pressupostos da impossibilidade de um conhecimento objectivo, no qual o investigador socialmente “situado” e Ideologicamente posicionado influencia a forma de construção do conhecimento científico. Tem como fundamento teórico a Teoria Critica, cuja finalidade é a mudança. Partindo de uma visão da realidade dinâmica e interactiva, o investigador assume um papel pró-activo e participativo. Com a introdução da componente ideológica e da intenção clara de transformar o mundo rumo à liberdade e democracia, o saber é poder e não algo puramente técnico e instrumental; Cada actor social vê o mundo através da sua racionalidade cultural, política e social. O paradigma Critico tem como fundamentos a emancipação, a teoria crítica, o desejo de mudança e a libertação.
Todos os paradigmas referenciados possuem procedimentos metodológicos específicos e óbvias limitações que, pela sua extensão, serão abordados em próxima intervenção.


Pedro Coelho do Amaral

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Paradigmas_Principais visões


Apresentação Vídeo dos Principais
Paradigmas de Investigação

Dois projectos  vídeográficos que me permitiram compreender melhor os a natureza de um paradigma e os principais posicionamentos conceptuais  na investigação social.



Pedro Coelho do Amaral

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Pesquisa 1_Tema 1_Paradigmas da Investigação_Quantitativo


Paradigmas da Investigação
(apanhado das primeiras pesquisas/leituras)

Paradigma Positivista (Quantitativo)

Alguns Pressupostos básicos:

A epistemologia positivista, para a qual "Objectividade", "meios para ser objectivo" são as palavras fortes, está na base deste paradigma. Segundo esta epistemologia, o mundo é objectivo, existe independentemente do sujeito e o investigador deve ser o mais neutro possível para não interferir na realidade. O mundo social é igual ao mundo físico: importa conhecer as relações causa-efeito. O seu objectivo é prever, explicar e controlar fenómenos.
• A epistemologia positivista levou ao paradigma positivista da investigação que enfatiza:
• O determinismo (há uma realidade a ser conhecida)
• A racionalidade (não podem existir explicações contraditórias)
• Impessoalidade (procura a objectividade e evita a subjectividade o mais possível)
• Irreflexivilidade (faz depender a validade dos resultados de uma correcta aplicação dos métodos esquecendo o processo de investigação em si).
• Previsão (capacidade de prever e controlar os fenómenos)

Alguns Procedimentos Metodológicos:

A metodologia é de cariz quantitativo e baseia-se no método dedutivo.
Os métodos de investigação próprios das ciências físicas são adaptados (procuram adaptar) às ciências sociais.
Em primeiro lugar, o investigador formula uma teoria. Dessa teoria surgem problemas e formulam-se hipóteses que resultam num conjunto de conceitos e variáveis a ela associado que não se alteram ao longo da investigação. Segue-se a recolha de dados que visa a confirmação da teoria. O papel da teoria é fundamental e muitas vezes, o objectivo central da investigação é simplesmente verificar a teoria.
No âmbito da investigação em educação, o estudo ocorre geralmente na sala de aula, simulando situações laboratoriais.

Algumas das suas Limitações:

Este paradigma perde força quando aplicado às ciências sociais, pois esbarra na impossibilidade de obter um conhecimento totalmente objectivo, uma vez que existe uma interacção entre investigador e objecto.
Não está, portanto, garantida a neutralidade da investigação. Segundo Firestone (1990:112) a realidade social não é única e é modelada por valores pessoais. A investigação num dado paradigma constitui mais uma visão do problema

Pedro Coelho do Amaral