domingo, 22 de novembro de 2009

Intervenção 7_Tema 2_A Recolha de Dados_Métodos Quantitativos de Recolha de Dados_Qualidade e Organização das Perguntas






Qualidade e Organização das Perguntas num Questionário (reflexão)

Outra questão importante refere-se à qualidade e organização das perguntas. Segundo Quivy e Campenhoudt (1995, p. 181), o nível se exigência varia consoante se trate de um questionário ou de um guião de entrevistas. No caso da entrevista, o guião é o seu suporte. Mesmo quando é muito estruturado, a condução da entrevista está na mão do entrevistador que pode conduzir, induzir, esclarecer e orientar o entrevistado. Pelo contrário, o questionário destina-se frequentemente à pessoa interrogada, sendo lido e preenchido por ela. Nesse sentido, o investigador deve ter uma preocupação acrescida em tornar as perguntas claras e precisas, isto é, formuladas de tal forma que todas as pessoas interrogadas as interpretem, dentro do possível, da mesma forma. Nesse sentido é necessário proceder à testagem das perguntas (pré-teste), numa amostra reduzida, para o investigador se assegurar de que as perguntas serão bem compreendidas e as respostas corresponderão, de facto, às informações que o estudo necessita obter.
Na formulação do questionário existem um conjunto de etapas que, após a decisão da modalidade e do tipo de perguntas a fazer, torna-se necessário empreender com o objectivo de aumentar a qualidade e organização das perguntas. Tarefas como: proceder à sua redacção; determinar a sua ordem interna; ou estabelecer o seu número. Eis algumas possíveis boas práticas na qualidade e organização de perguntas:
» Redacção: A redacção de uma pergunta – para que possa ser compreendida do mesmo modo por toda a população alvo – deve obedecer ao princípio da clareza, ou seja, ser estruturada de forma precisa, concisa e unívoca, suscitando convergência de interpretações, permitindo respostas claras e limitando a ambiguidade de tratamento. Deve ainda, obedecer ao princípio da coerência, ou seja, estar em conexão com o indicador que a prescreve, correspondendo directamente à intenção da pergunta. Deve ainda, responder ao princípio da neutralidade, isto é, não deverá, em caso algum, induzir o entrevistado a uma determinada resposta. Uma pergunta, tendo uma função explicativa, compreensiva ou, mesmo preditiva, deve ser neutra, libertando-se de qualquer referencial de juízos de valores ou de preconceitos do próprio autor.
» Ordem: Esta tarefa de ordenação rigorosa das perguntas não se assume como algo fácil de determinar. O investigador deve, no entanto, ter presente que essa mesma distribuição pode interferir na recolha de dados. Algumas regras, normalmente utilizadas, definem que as perguntas gerais devem proceder as específicas e que as mais concretas devem preceder as abstractas.
»Número: Não existem normas rígidas. No entanto, não se deve esquecer que um questionário com um número excessivo de perguntas tem fortes possibilidades de não ser integralmente respondido e, mesmo, abandonado por parte do entrevistado. Se certeza que algo semelhante já aconteceu a todos nós.
Outros aspectos podem ser referidos acerca da qualidade e organização das perguntas e do questionário ou do pré-teste, tais como a sua apresentação. A esses aspectos voltarei em futura oportunidade.

Pedro Coelho do Amaral

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade – Metodologia Científica 1989 – S. Paulo - Atlas Editora
QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1998.
PARDAL, Luís ; CORREIA, Eugénia — Métodos e Técnicas de Investigação Social. 1998 – Areal Editores
Interviewing in qualitative research acedido em http://fds.oup.com/www.oup.co.uk/pdf/0-19-874204-5chap15.pdf (disponível em 11 de Novembro de 2009)

Sem comentários:

Enviar um comentário