quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Intervenção 2_Tema 1_ O Processo de Investigação_Paradigmas e Métodos


O Processo de Investigação - Paradigmas e Métodos II
Quem nasceu Primeiro - o ovo ou a galinha?


Mantendo acesa a chama virtual, vou tentar lançar mais algumas achas na questão brilhantemente colocada pelo Paulo, na qual questiona se “… a definição do problema e das questões metodológicas é subsidiária do paradigma de investigação ou o paradigma é subsidiário da definição do problema e das questões metodológicas?
A minha opinião em relação a essa e outras questões, nas quais torna-se necessário responder de uma forma linear, objectiva e dogmática, será a de que as respostas resultantes acabam sempre por ser demasiado redutoras e simplistas.
Num primeiro momento, e de um ponto de vista racional e lógico sou levado a concordar com a Paula quando refere que “…sendo o paradigma os valores, pensamentos, visão do mundo, algo que está inculcado na mente de cada sujeito, grupo social, quando se faz um trabalho de investigação, esse paradigma está inerente a todo o processo”. Esta opinião é perfeitamente plausível e reveste-se de uma lógica inatacável, com a qual concordo (tendo, inclusive, reflectido sobre isso no post anterior). No entanto, e posicionando-me no papel de investigador, não posso considerar um erro ou porventura um acto contra natura se optasse por um paradigma distante daquele a que estou intrinsecamente vinculado, se achasse que este serviria melhor os propósitos da minha investigação. Acredito na capacidade de análise, flexibilidade e bom senso do ser humano e se é obvio que o homem constitui-se pelas teias de relação que se estabelecem entre as suas crenças, opiniões filosóficas, ideologias políticas, matrizes culturais, etc., também acredito que é perfeitamente possível ao indivíduo libertar-se dessa teia, de forma consciente ou não, e possuir a capacidade de se distanciar do seu enquadramento natural, e escolher qual o caminho que se adequa na definição do problema e questões metodológicas associadas.
Esta questão remete-me para Correia e Pardal, quando reflectem sobre a discussão em torno da suposta dicotomia entre “estudos qualitativos” e estudos quantitativos”. Segundo os autores, “Independentemente de especificidades que caracterizem mais um ou outro ponto de vista, “o quantitativo” e o qualitativo” precisam, acima de tudo, de ter em conta os mais elevados níveis de precisão e de fidedignidade e trabalhar com os dados que respondam o melhor possível às exigências do problema em estudo”(Correia e Pardal:1995, 15).

Pedro Coelho do Amaral

Sem comentários:

Enviar um comentário